Estudos clínicos com a Cannabis para o tratamento da osteoartrite
Comprova-se cada vez mais que a Cannabis pode ajudar em diversas patologias, e atualmente possuímos estudos clínicos que corroboram todas as informações empíricas que já temos.
E aí pessoal, tudo bem com vocês? Hoje decidi trazer dois estudos feitos com a Cannabis, nos anos de 2019 e 2020, para o tratamento de osteoartrite (OA)! Esses estudos extremamente atuais comprovam a eficácia da Cannabis para a manutenção da qualidade de vida de cães com essa afecção tão comum, realizando a diminuição da dor, combatendo sua inflamação associada e permitindo que cães (especialmente idosos e debilitados) possam ter qualidade de vida.
Por conta da regulamentação da Cannabis (cânhamo) em todo o território estadunidense, iniciou-se uma grande corrida pelo mercado gigantesco que é o da Cannabis medicinal para pets. Essa regulamentação acabou atropelando as pesquisas clínicas e embora já tenhamos comprovação empírica e científica dos benefícios dessa terapia, muitas pesquisas ainda são necessárias para avaliação das extensões de seus efeitos.
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Um dos grandes focos terapêuticos da Cannabis é a analgesia em pacientes com dor crônica, dos quais boa parte tem idade avançada e outras doenças concomitantes. As drogas mais utilizadas nas clínicas são antiinflamatórios não esteroidais (AINES), corticóides e gabapentina, medicações que podem não agir adequadamente no controle analgésico e possuir efeitos deletérios, em especial nos rins, estômago, e glândulas adrenais.
A Cannabis não possui relatos de efeitos colaterais graves ou de óbitos causados por sobredosagem ou uso prolongado, sendo uma ótima opção para pacientes que não possuem opções clínicas razoáveis.
O sistema endocanabinóide é conhecido por ter um papel na modulação da dor e atenuação da inflamação. Seus receptores, CB1 e CB2, estão distribuídos ao longo do sistema nervoso central e periférico, e também no líquido sinovial. O Canabidiol (CBD) já foi descrito com características imunomodulatórias, anti-hiperalgésicas, antinociceptivas e antiinflamatória, sendo uma grande promessa para o tratamento de cães com osteoartrite.
Em um primeiro estudo randomizado, duplo cego e controlado por placebo, os objetivos eram analisar a farmacocinética, segurança e eficácia de óleos a base de Cannabis (cânhamo). Cada cão recebeu 2mg/kg de CBD ou óleo de placebo durante quatro semanas, com um período wash out de duas semanas, no qual comprovou-se que uma dose adequada do extrato de Cannabis diminui a percepção de dor e eleva o nível de atividade de cães com OA. Nesse estudo, mais de 80% dos cães obtiveram resultados positivos. Apenas uma paciente apresentou alteração bioquímica, na qual sua enzima ALT estava levemente elevada mas com todos os outros parâmetros sem alterações dignas de nota. Como a paciente era idosa e a alteração foi leve, não é possível relacionar diretamente essa alteração com o uso do óleo, embora o autor recomende cautela e dosagens periódicas dessa enzima quando tratamos os pacientes com essa terapia.
Em outro estudo de 2020, 37 cães com dor crônica majoritariamente resultante de osteoartrite foram tratados por 90 dias com a Cannabis. Dos 32 que acabaram o estudo, 30 demonstraram menor sensação de dor e aumento no nível de atividade. De 23 que estavam tomando gabapentina quando iniciaram os estudos, 10 foram capazes de descontinuar a medicação, e outros 11 reduziram a dosagem. Da mesma forma que o primeiro estudo, esse confirmou os efeitos analgésicos da Cannabis, melhorando a mobilidade e qualidade de vida dos pacientes tratados.
Ao ser avaliada a opção dos tutores em relação a escolha e segurança em optar pela Cannabis como terapia para seus cães, 93% deles afirmaram que acreditam que a Cannabis tenha funcionado melhor que medicações alopáticas, e 94% confirmaram que seus cães tiveram melhoria em sua qualidade de vida.
Em avaliações subjetivas a domicílio, tutores afirmaram, em diversos relatos, que seus cães "pareciam filhotes novamente" e "não brincavam assim há muito tempo". Ou seja, estavam mais ativos e animados.
Como ser contra uma terapia mais eficiente e com muito menos efeitos colaterais que as atuais? Será que o preconceito e atrasos legislativos justificam a falta de acesso de milhares de pacientes a essa terapia?
Já conferiu o post no meu Instagram sobre o paciente Preto? Embora não seja um caso específico de osteoartrite, seu tratamento com a Cannabis permitiu uma melhora gigantesca de sua qualidade de vida, e sem efeitos colaterais, detalhe importantíssimo já que falamos de um paciente resgatado que possui aproximadamente 15 ou 16 anos. Ele foi resgatado se arrastando pelas ruas de Florianópolis, mas hoje, com a Cannabis associada a acupuntura, ele consegue caminhar (ou saltitar) do seu próprio jeitinho!
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Referências:
Gamble Lauri-Jo, Boesch Jordyn M., Frye Christopher W., Schwark Wayne S., Mann Sabine, Wolfe Lisa, Brown Holly, Berthelsen Erin S., Wakshlag Joseph J. Pharmacokinetics, Safety, and Clinical Efficacy of Cannabidiol Treatment in Osteoarthritic Dogs.
URL=https://www.frontiersin.org/article/10.3389/fvets.2018.00165
Kogan, Lori & Hellyer, Peter & Downing, Robin. (2020). The Use of Cannabidiol-Rich Hemp Oil Extract to Treat Canine Osteoarthritis-Related Pain: A Pilot Study.
URL: https://www.researchgate.net/publication/339698157_The_Use_of_Cannabidiol-Rich_Hemp_Oil_Extract_to_Treat_Canine_Osteoarthritis-Related_Pain_A_Pilot_Study