Coronavirus

Cães treinados para farejar COVID-19 em humanos

Pesquisadores ingleses e norte-americanos treinam cães para identificar pessoas contaminadas com o novo coronavirus


O impacto com a pandemia causada pelo SARS-COV-2 é enorme, não apenas por conta das medidas de isolamento social, mas também decorrentes da recessão econômica global, que deve se prolongar por meses. Além de lidar com as questões de saúde da população, os governos terão que encarar o desemprego e retração da economia. 

Especialistas afirmam que a realização de testes em larga escala é peça fundamental para um entendimento mais preciso da realidade. O Brasil já investiu milhões na compra de testes, mas os resultados práticos ainda são observados. E para piorar as coisas, muitas destas operações já estão sendo investigadas por apresentarem fortes indícios de irregularidades. 

Neste contexto, médicos veterinários da Inglaterra e dos Estados Unidos trabalham para treinar cães que, segundo eles, seriam capazes de identificar pessoas contaminadas pelo novo coronavirus, através da identificação de odores da respiração.


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A técnica não é nenhuma novidade. A Medicam Detection Dogs, criada em 2008 como uma instituição de caridade, sediada na Inglaterra, iniciou sua operação com um trabalho de treinamento de cães para detectar câncer em humanos. Em 2009, a Dra. Claire Guest, cofundadora da mesma instituição, foi alertada por Dayse, um dos animais treinados, de que estaria com câncer de mama, o que foi comprovado por exames laboratoiriais.  

Veterinários ingleses correm contra o tempo

Atualmente a Medical Detection Dogs mantém um programa de treinamento com os chamados Bio-Detection Dogs, cujo o objetivo é identificar pessoas com câncer, malária, doenças neurológicas e infecção por algumas bactérias.

Recentemente, a instituição estabeleceu uma parceria com a London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM) e com a Durham University, e deu início a um projeto com um objetivo ambicioso: treinar cães para identificar pessoas contaminadas com o novo coronavirus. A tarefa ficou nas mãos das pessoas envolvidas em um projeto anterior, onde conseguiram provar que os cães podem ser treinados para detectar malária.

A equipe pretende preparar os cães para que possam estabelecer um diagnóstico rápido e não invasivo, para a COVID-19 em apenas seis semanas. A técnica usada para treinar os cães será a mesma adotada pela instituição em treinamentos anteriores, ou seja, colocar animais para farejar amostras em uma sala equipada para a realização dos treinos, e indicar quando as encontrarem. Os cães também são capazes de detectar mudanças sutis na temperatura da pele, então podem dizer se alguém está com febre.

Além de ser uma opção não invasiva e rápida, a identificação de pessoas contaminadas ainda teria outras vantagens importantes no combate à pandemia, como a possibilidade de identificar casos positivos em espaços públicos. Além disso, o posicionamento destes cães em aeroportos impediria a entrada de pessoas infectadas com o vírus no país.

Em princípio, temos certeza de que os cães podem detectar o COVID-19. Agora, estamos analisando como podemos capturar com segurança o odor do vírus dos pacientes e apresentá-lo aos cães. O objetivo é que os cães possam rastrear qualquer pessoa, incluindo aqueles que são assintomáticos, e nos dizer se precisam ser testados. Isso seria rápido, eficaz e não invasivo e garantirá que os recursos limitados de testes do NHS sejam usados apenas onde forem realmente necessários.

Dra. Claire Guest, CEO e cofundadora da Medical Detection Dogs

Os pesquisadores estão confiantes. Segundo o professor James Logan, chefe do Department of Disease Control at The London School of Hygiene & Tropical Medicine, "Nosso trabalho anterior demonstrou que os cães podem detectar odores de humanos com uma infecção por malária com precisão extremamente alta, acima das Normas da Organização Mundial da Saúde para um diagnóstico.

Os pesquisadores estão convictos de que doenças respiratórias, como o COVID-19, alteram o odor do corpo, por isso consideram que há uma chance muito alta de que os cães possam detectá-lo. Essa nova ferramenta de diagnóstico pode revolucionar nossa resposta ao COVID-19 no curto prazo, mas principalmente nos próximos meses.

Outra equipe trabalhando nos Estados Unidos com o mesmo objetivo

Uma outra iniciativa importante está sendo conduzida por pesquisadores da University of Pennsylvania's School of Veterinary Medicine (Penn Vet), na Filadélfia, EUA. A Penn Vet começará inicialmente o estudo com oito cães. Ao longo de três semanas, por meio de um processo chamado impressão de odor, os cães serão expostos a amostras positivas de saliva e urina de COVID-19 em laboratório.

Uma vez que os cães aprendem o odor, os pesquisadores ossubmetem os cães ao desafio de discriminar entre amostras positivas e negativas de COVID-19 em laboratório. O próximo passo é estabelecer uma plataforma de testes para determinar se os cães podem identificar pessoas infectadas com o novo coronavirus.

U.S. Army Combat Capabilities Development Command Chemical Biological Center (em tradução livre para Centro Biológico Químico do Comando de Desenvolvimento de Capacidades de Combate do Exército dos EUA) também emprestará seus conhecimentos durante o estudo.

Tenho acompanhado o trabalho de veterinários no treinamento de cães para identificar doenças em humanos há alguns anos e sou otimista com relação aos resultados. Com até 300 milhões de receptores olfativos - comparado com os seis milhões em humanos - os cães estão em uma posição única para ajudar na detecção de doenças através do olfato.

Fico imaginando o que os pesquisadores não seriam capazes de fazer, se apenas uma parcela do valor desviado por gestores corruptos da área de saúde, fosse aplicado em pesquisas deste tipo. Certamente faríamos 50 anos em 5! 

Para saber mais...


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