Como respeitar as 5 liberdades dos cães?
Não basta amar o seu melhor companheiro, é preciso identificar as necessidades inerentes à especie canina e respeitá-las.
O Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção (FAWC), em 1993, formulou as 5 liberdades que os animais devem possuir. Todos aqueles que criam animais, seja animais de produção, de companhia, selvagens ou de laboratório, devem seguir esses princípios. São eles: (1) Liberdade de sede, fome e má-nutrição, (2) Liberdade de dor, ferimentos e doença, (3) Liberdade de desconforto, (4) Liberdade para expressar comportamento natural e (5) Liberdade de medo e de estresse.
Quando se analisa as 5 liberdades parece óbvio que qualquer pessoa que ame os animais e que tenha um pet em casa pensa em seguir à risca todos os princípios. Mas se a questão for olhada a fundo, verifica-se que não é tão fácil oferecer o bem-estar aos cães.
Em relação à liberdade de sede, fome e má-nutrição, basta manter um recipiente de água limpa e um pote com quantidade e qualidade apropriada de ração à disposição do animal e essa regra estará cumprida. Mas a má nutrição também se refere a alimentos inadequados oferecidos aos cães, como doces, alimentos condimentados ou gordurosos, isto é, alimentos de consumo exclusivamente humano, que faz mal aos cães.
Quanto à liberdade de dor, ferimentos e doenças, o tutor do animal deve estar sempre atento às vacinas, vermifugação e visitas ao veterinário quando necessário.
O tutor deve proporcionar um local apropriado para manter o animal, com espaço adequado, cama abrigada do vento e chuva, para que o animal fique livre do desconforto. Porém, algumas atitudes dos tutores podem gerar desconforto, como utilização de sapatos nos animais para passeio na rua, roupas apertadas, adornos desnecessários, e demais atitudes que visam humanizar o animal, como se este fosse um filho.
A liberdade de expressar o comportamento natural talvez seja o princípio mais difícil de seguir, já que os cães vivem em matilha, e grande parte dos animais domiciliados vivem sozinhos. além disso, cada raça dos cães foi selecionada para um tipo de aptidão ou atividade a ser desenvolvida pelo animal, alguns cães possuem o instinto da caça, outros possuem aptidão para o pastoreio de ovelhas, para cão guia, para segurança e outros para companhia, entre outros. Porém muitos desses animais vivem em um apartamento ou em um local pequeno, e estão privados para realizar seu comportamento natural. O ideal seria a aquisição de um animal da raça para desempenhar a função desejada, isto é, se o desejo é de ter um animal que faça companhia para uma criança em um apartamento, nunca adquirir um animal de porte médio e de aptidão para o pastoreio, por exemplo, já que este cão provavelmente não se adaptará às condições oferecidas e poderá apresentar comportamentos adversos, resultantes do estresse. Quando se trata de adoção de um cão sem raça definida, o tutor deve ter em mente que o porte, a aptidão e o comportamento do animal é imprevisível, já que não se conhece seus pais e sua genética. Portanto para esses animais é importante ter espaço físico, já que muitas vezes os animais se revelam de porte maior e agitados.
O medo e o estresse também podem ser decorrentes de manejo inadequado, como manter animais machos inteiros juntos, o que irá gerar brigas para a determinação do animal dominante e dos subordinados.
Quando não se oferece as condições ideais para os animais viverem, isto é, quando as 5 liberdades não são respeitadas, o animal apresentará um comportamento adverso, como agressividade, depressão ou comportamentos destrutivos. Mesmo atitudes tomadas com as melhores intenções, como se o animal fosse um membro da família, podem ser muito prejudiciais ao animal. Em suma, o cão precisa ter as necessidades de sua espécie atendidas e muitas vezes a humanização coloca em risco o bem-estar do animal.